PolĂ­tica como guerra cultural

Felipe
22 min readOct 4, 2018

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Esta Ă© uma tradução livre, adaptada e remixada do texto “Understanding the Blue Church”, de Jordan Hall.

“O principal eixo da polĂ­tica ocidental nĂŁo mais opĂ”e ‘esquerda’ vs. ‘direita’; nem conservadores vs. liberais - mas o establishment vs. o anti-establishment”.

“We shape our buildings; there after they shape us” — Winston Churchill (arte de Selman Hosgor)

O livro “Making Things Work” descreve com minĂșcia as relaçÔes entre complexidade e estruturas de controle social. A ideia central Ă© simples.

A coerĂȘncia Ă© um conceito-chave na gestĂŁo da complexidade. Quando se tem sistemas complexos, e se Ă© capaz de sincronizĂĄ-los, a complexidade do sistema resultante Ă© radicalmente simplificada. NĂŁo estamos falando de matemĂĄtica, nem de fĂ­sica. Estamos falando de gente.

Imagine uma canoa comprida e larga, com um remador lĂĄ na frente e outro atrĂĄs. Se vocĂȘ jĂĄ remou, sabe que nĂŁo Ă© tĂŁo simples. Tem certa arte envolvida. Se ambos falarem alto o suficiente, checarem um ao outro com frequĂȘncia, e se concentrarem, conseguem manter a embarcação no rumo com relativa facilidade.

A relação entre a canoa, a ĂĄgua, os remos e os indivĂ­duos Ă© complexa. Os sistemas se retro-alimentam de modo sutil e difĂ­cil de prever no detalhe. Mas um adulto mĂ©dio tem “capacidade de controle” suficiente para gerir essa complexidade: fazer a brincadeira funcionar sem a canoa virar, ou ficar encalhada no mesmo lugar.

Adicionemos um ou dois remadores no meio do barco. Torna-se mais difĂ­cil manter a sincronia entre os remos. Talvez seja preciso restringir certa liberdade para evitar acidentes e ganhar eficiĂȘncia. Algo como colocar os remos num apoio que limite seus movimentos a um arco — entra na ĂĄgua, rema, sai da ĂĄgua, puxa — necessĂĄrio para propelir a canoa. Induzir os remadores Ă  “coerĂȘncia” faz com que a complexidade do problema se mantenha dentro da capacidade de controle.

“Remem!”

Agora pense numa canoa com 12 remadores. Por mais que se tente, Ă© difĂ­cil que um grupo grande de pessoas se “auto-organize” num organismo eficiente. A nĂŁo ser que alguĂ©m esteja no controle.

Coloque um timoneiro na proa. Mesmo que a função desse líder seja somente a de gritar “remem!” na hora certa, reduzindo o trabalho de todos os remadores a responder este comando.

O que fizemos foi substituir uma dĂșzia de indivĂ­duos por um “grupo” e um “lĂ­der”, numa hierarquia de controle. Isto Ă© uma simplificação radical, claro. Como os gregos e romanos descobriram hĂĄ muito tempo, o mecanismo Ă© escalĂĄvel.

A quantidade de “sinais” subindo e descendo a hierarquia tem de ser extremamente simples, para não escapar à “capacidade de controle” de cada indivíduo (“Remem!”). Já imaginou se os remadores tivessem de remar e debater sobre a direção da canoa ao mesmo tempo? É uma coisa ou outra.

Tomemos nota: (1) A complexidade do sistema. (2) Nossa habilidade de simplificar o sistema. A (3) “capacidade de controle” disponível para gerir o sistema simplificado.

A complexidade da vida moderna

NĂŁo precisa nem levar em conta as Ășltimas duas dĂ©cadas


Nos Ășltimos 150 anos, passamos por uma explosĂŁo populacional sem precedentes. Com ela, uma explosĂŁo de complexidade social.

Pela primeira vez na história, a humanidade migrou de uma maioria rural para uma maioria urbana, acelerando o ritmo do cotidiano e intensificando a interação social que decorre da vida na cidade. Cavalos deram lugar a ferrovias, que foram trocadas por carros, que foram suplementados por aviÔes. O mundo se encolheu a uma meta-comunidade conectada.

Fomos da primeira postulação da teoria evolucionista, por Darwin, em 1859, atĂ© a descoberta do DNA por Crick e Watson, em 1953. Fomos da primeira teoria do eletromagnetismo em 1864 ao desenvolvimento da bomba atĂŽmica em 1945. Que par de sĂ©culos! 😳

O crescimento exponencial de complexidade criou um problema. As formas de controle social que nos conduziram ao século XIX se mostraram inadequadas aos níveis inéditos de embaraço do século XX. A sociedade civilizada não funciona sem uma estrutura regulatória adequada ao seu nível de complexidade.

Gino Severini (1909–1911), futurista.

Um novo tecido ideolĂłgico houve de emergir em resposta ao fenĂŽmeno.

Chamemos de Igreja Azul a estrutura de controle que resulta “naturalmente” do fenîmeno das mídias de massa.

Trata-se de uma função que evoluiu (nĂŁo “foi planejada”) ao longo do Ășltimo meio sĂ©culo e acabou por se associar ao establishment democrĂĄtico e ao “Estado Profundo” (falaremos mais adiante), originando uma força cultural politicamente eficaz e dominante no mundo ocidental.

Pode-se traçar as origens da Igreja Azul ao começo do sĂ©culo XX, quando emergiu em reação Ă s vocaçÔes da mĂ­dia de massa para o controle social. No meio do sĂ©culo, passou a exercer papel cada vez mais ativo na formação e moldagem de instituiçÔes produtoras de cultura. Difundiu-se nas Ășltimas cinco dĂ©cadas e parece ter atingido um pico na primeira dĂ©cada do sĂ©culo XXI. De uns anos para cĂĄ, começou a desmoronar.

A paisagem midiĂĄtica

A tecnologia nĂŁo Ă© de todo neutra. Como Marshall McLuhan escreveu, “quando inovamos, nĂłs nos tornamos aquilo que vislumbramos. Damos forma a nossas ferramentas, e elas nos transformam de volta”.

Imagine uma paisagem com colinas. Aproxima-se um temporal — o que acontece? NĂŁo Ă© preciso ser um gĂȘnio para prever: a ĂĄgua escoa, acumula-se nos vales e, dependendo dos sulcos, forma lagos ou corre por um rio.

Uma vez que se enxerga o “relevo” de uma determinada paisagem e se entende a natureza das forças agindo sobre ela, Ă© possĂ­vel fazer previsĂ”es mais ou menos certeiras sobre como fenĂŽmenos, ali, devem se desenrolar.

A paisagem da mĂ­dia Ă© como
 uma paisagem. Pode cair um meteoro, ou o lago pode transbordar e dar origem a uma cachoeira, Ă© claro. Mas, em linhas gerais, se vocĂȘ conseguir enxergar o “relevo”, dĂĄ pra ter uma boa ideia do que vai acontecer.

Os tipos de dinùmicas socio-comportamental que emergem em torno da tradição oral são bem diferentes daqueles que tomam forma em torno da mídia letrada.

O sĂ©culo XX foi abundante em saltos tecnolĂłgicos. Um dos mais relevantes (o trocadilho com “relevo” Ă© intencional) foi o desenvolvimento da “mĂ­dia de massa”. Por mais que estas novas “espĂ©cies” de mĂ­dia difiram (jornais, rĂĄdio, televisĂŁo), como meios de massa elas guardam um traço em comum: sĂŁo assimĂ©tricas. De um para muitos. Do autor para a audiĂȘncia. Do timoneiro para os remadores.

Nem todo mundo teve acesso Ă  imprensa, Ă  estação de rĂĄdio, ou ao estĂșdio de transmissĂŁo televisiva. Os poucos que o tiveram ganharam a chance de criar a narrativa dominante. O resto foi reduzido a audiĂȘncia.

O insight que nos interessa aqui Ă© o de que, como audiĂȘncia, nĂłs somos coerentes. Como massa, transformamos milhĂ”es de indivĂ­duos diferentes em um grupo relativamente simplificado. Enquanto formos mantidos em tal estado de coerĂȘncia, oferecemos algo que pode ser gerido.

Ao longo do sĂ©culo XX, o “problema da complexidade social” foi gerido atravĂ©s de mĂ­dias de massa capazes de gerar e manter coerĂȘncia em escala.

Politicamente correto

Quando se compreende a estrutura de controle assimétrica mencionada acima, começa-se a enxergå-la em todo lugar.

HĂĄ um fluxo bidirecional bĂĄsico. De baixo para cima, tĂȘm-se a corrente da “autoridade credenciada”: os especialistas autorizados (por algum processo legitimador) a formar e expressar opiniĂ”es atravĂ©s de alguma mĂ­dia de massa. De cima para baixo, opiniĂ”es “politicamente corretas” ancoram nossa coerĂȘncia e traçam limites dentro dos quais reside o “socialmente aceitĂĄvel”.

Lembre-se: não nos referimos aqui a uma instituição específica (e.g. uma colina), mas sim ao tecido social (e.g. a paisagem)

Tome a academia como exemplo. Estudantes sĂŁo a audiĂȘncia. O trabalho deles Ă© prestar atenção na autoridade credenciada. Escutar, assistir de perto e aprender com o professor a natureza daquilo que Ă© “correto” em cada domĂ­nio do conhecimento. Se fizerem um bom trabalho — isto Ă©, se responderem “corretamente” Ă s perguntas de acordo com o processo de avaliação imposto pela autoridade — eles passam de ano. Se nĂŁo, repetem.

Lembra de “o meio Ă© a mensagem”? O conteĂșdo importa, mas, no fim das contas, toda aula Ă© tambĂ©m uma lição sobre como jogar o jogo.

Professores, por sua vez, representam autoridade porque, de tĂŁo bons estudantes, foram convidados tacitamente Ă  hierarquia autoritĂĄria.

Isto não é uma crítica à academia! Tal processo de credenciação se provou um motor poderoso para filtrar o non-sense e impulsionar a busca pela verdade. Por mais que haja bastante digressão (e.g. teoria das cordas), no geral, ao longo do século XX, a måquina de especialização do conhecimento foi a joia da coroa da civilização.

O que nos interessa aqui é a estrutura formal. Transmissão de informação. Assimetria. Uma arquitetura social que permite a divisão de trabalho, de forma escalåvel, para geração de sentido e tomada coletiva de decisÔes.

NinguĂ©m Ă© capaz de entender mesmo uma fração do que vem acontecendo na sociedade. EntĂŁo quebramos o “problema” em pedacinhos, entregamos os menores ao topo da hierarquia credenciada, onde sĂŁo processados por “especialistas” e mastigados atĂ© virarem “opiniĂŁo politicamente correta”, que Ă© transmitida para baixo, e se difunde pela população.

Imagine o que seria do trùnsito se nós questionåssemos o que significa o semåforo vermelho, ou se cada um tivesse a sua própria ideia sobre o sistema de cores / organização que melhor funciona.

por Brian Wertheim, no Unsplash

Similarmente, enquanto todos concordarmos que “o livre mercado Ă© uma boa ideia”, ou que “fronteiras nacionais devem ser protegidas”, ou que “assistĂȘncia mĂ©dica Ă© um direito universal”, ou que “todos devem ser tratados de modo igualitĂĄrio”, ou que “emissĂ”es de carbono levam ao aquecimento global”, entĂŁo o trabalho hercĂșleo de se desenhar e implementar polĂ­ticas baseadas nessas premissas pode ser gerido, e a canoa do Estado pode navegar adiante.

“Remem!”

A Igreja Azul

Na Igreja Azul, possuir e expressar opiniÔes corretas significa pertencer ao bando, à tribo, ou ao time. Traz benefícios sociais. Mais importante, falhar em estar alinhado à opinião socialmente aceitåvel pode ser devastador.

O politicamente correto se retro-alimenta. NĂŁo hĂĄ necessidade de polĂ­ticas top-down para que seja reforçado. Uma vez que gente suficiente entra em coerĂȘncia em torno de “opiniĂ”es corretas”, dinĂąmicas sociais naturais ao ser humano entram em cena para preservar tal coerĂȘncia.

Experimento mental: imagine-se numa festa, fingindo acreditar, por exemplo, que o aquecimento global nĂŁo Ă© real. Ou que o IslĂŁ, ou o Feminismo, sĂŁo ideologias perigosas. NĂŁo Ă© preciso fazĂȘ-lo de verdade para saber que vai passar vergonha e ser excluĂ­do do grupo. Pergunte a Sam Harris, Jordan Peterson e Steven Pinker — especialistas que tĂȘm começado a se ver com frequĂȘncia no lado oposto ao “politicamente correto”.

A parte negativa dessa dinĂąmica de reforço social sĂŁo as cĂąmaras de eco onde opiniĂ”es que violam o status quo sĂŁo demovidas do discurso — mesmo quando valorosas ou importantes.

Cultura pop na Igreja Azul

Somos animais sociais, constantemente em busca de exemplos para assistir e aprender com. A domesticação da nossa espécie depende de um modelo simples: preste atenção às pessoas nas quais outras pessoas estão prestando atenção.

Por natureza, somos obcecados com quem atrai atenção — mas, notavelmente, cada vez menos interessados em questionar se essa atenção Ă© merecida ou nĂŁo.

Pense em celebridades. Como Ă© difĂ­cil distinguir “atrair atenção” de “merecer atenção”, o simples fato de se ter uma cĂąmera apontada para si implicitamente confere certos poderes/credenciais de autoridade. NĂŁo sĂŁo raros os casos de figuras que exercem influĂȘncia para muito alĂ©m dos seus campos de domĂ­nio.

Estar na frente da cñmera, por muito tempo, conferia autoridade mesmo se a pessoa em questão não era real. É por isso, em parte, que a cultura pop exerce função tão pivotal na narrativa da Igreja Azul.

Assim como os remadores sĂŁo entretidos Ă  cadĂȘncia do timoneiro, nĂłs todos fomos treinados, pela maior parte da vida, para encontrar, adotar e executar uma forma ou outra de “narrativa maior”. Uma narrativa complicada o suficiente para responder aos anseios da vida moderna, mas simples o suficiente para ser gerida.

Trata-se não só do trabalho no escritório das 9AM às 6PM. Trata-se de conjuntos de premissas, axiomas, verdades e processos geradores de autoridade que simplificam a complexidade estafante do mundo contemporùneo e dão a nós, pobres primos de chimpanzés, jeitos digeríveis de nos movermos adiante de modo mais ou menos coordenado.

Muitos destes axiomas estĂŁo deixando de funcionar. Nossa ansiedade coletiva vem crescendo em curva parabĂłlica.

O novo cenĂĄrio da mĂ­dia

Tive muitas aulas sobre “mĂ­dia digital” na faculdade. O foco sempre foi vender anĂșncios. Nunca me levaram a questionar a supremacia (e o colapso inevitĂĄvel) da Igreja Azul. Muito menos me conduziram a imaginar a forma que tomaria a emergente, reformada FĂ© MemĂ©tica (nĂŁo ligue para o nome, por enquanto — entraremos em detalhe adiante).

Por AdWeek

A internet Ă© muito mais simĂ©trica que a transmissĂŁo televisiva ou a imprensa. E oferece um “nicho para a geração de coerĂȘncia” que nĂŁo existia antes. Difere em muito daqueles que deram origem Ă s grandes narrativas passadas. A paisagem mudou. É se adaptar ou padecer.

Brexit, Trump, a ressurgĂȘncia do nacionalismo, o globalismo na berlinda, Bolsonaro e tantos outros fenĂŽmenos, correlatos ou nĂŁo, sĂŁo sintomas da insurgĂȘncia da FĂ© MemĂ©tica. Se for pra destrinchar essa nova paisagem, temos que mergulhar mais a fundo. Se for pra mergulhar mais a fundo, temos que aceitar o fato de que nĂŁo vai ser nada confortĂĄvel.

O nĂ­vel de complexidade do sĂ©culo XXI estĂĄ simplesmente fora da “capacidade de controle” provida pelas estruturas formais da Igreja Azul. A nĂŁo ser que rompamos com suas premissas antiquadas e nos movamos para approaches novos, nossa corrida em direção ao futuro vai decorrer de modo cada vez mais caĂłtico. É se adaptar logo, ou padecer rĂĄpido.

“I like chaos. It really is good.” — Donald Trump

  1. Modus operandis para se gerir sistemas complexos como o meio ambiente falharam. Até tarde no século XX nós não éramos poderosos o suficiente, como espécie, para que isso fosse relevante. Agora, precisamos evoluir logo.
  2. Não temos ideia de como dar o próximo passo. Precisamos lidar melhor com antro-complexidade. A governança clåssica se tornou disfuncional.
  3. Precisamos aprender a navegar as consequĂȘncias reais das tecnologias exponenciais. Talvez nĂŁo passemos da virada do prĂłximo sĂ©culo. HĂĄ quem acredite que a singularidade deve acontecer antes de 2045.

No contexto destes desafios, a Igreja Azul Ă© simplesmente despreparada. O mundo estĂĄ se movendo num ritmo que as hierarquias de controle nĂŁo conseguem acompanhar.

E as novas formas de “inteligĂȘncia coletiva” ainda nĂŁo sĂŁo claras o suficiente para nos reconfortar.

Sabemos muito pouco sobre elas. Talvez a versĂŁo mais robusta de uma inteligĂȘncia descentralizada a ter emergido atĂ© hoje tenha sido a insurgĂȘncia Trumpista de 2016. Quero ver explicar como ela opera!

A Fé Memética

A coerĂȘncia das novas formas de inteligĂȘncia coletiva nĂŁo Ă© determinada por fatores exĂłgenos, mas pela infraestrutura da informação, em si. Ao contrĂĄrio do que muitas vezes se pensa, enxames digitais nĂŁo sĂŁo unidos por sentimentos (como a raiva) ou por ideologias (como o supremacismo branco). O que agrega membros disparatados da FĂ© MemĂ©tica Ă© o fato de que redes se estruturam para recompensar ideias que atingem massa crĂ­tica memĂ©tica independentemente da origem do meme. Recompensa-se com a amplificação da atenção (muitas vezes, inclusive por parte de “lideranças”), nĂŁo importa a seita de onde tenha vindo o meme.

EstĂĄ aĂ­ uma das regras primazes. A rota para a amplificação pela liderança Ă© visĂ­vel. O jogo Ă© claro para quem joga. A FĂ© MemĂ©tica nĂŁo toma decisĂ”es em salas de reuniĂŁo editorial ou gabinetes, mas em fĂłruns pĂșblicos de mensagens incensurĂĄveis, em redes sociais, em tempo real, no Periscope, no YouTube, no Reddit, no 4Chan.

Central a todas as dinĂąmicas da FĂ© MemĂ©tica Ă© a moeda da atenção. Trazer atenção Ă  criação de alguĂ©m Ă© uma maneira igualitĂĄria de se recompensar sua contribuição. Cada participante da rede tem a prĂłpria atenção para dar, e, ao fazĂȘ-lo, tem o poder de levar uma ideia a atenção de outrem. Prestar atenção nĂŁo tem custo financeiro e nĂŁo requer infraestrutura de produção. Todo mundo tem atenção pra dar.

Neste contexto, Bolsonaro Ă© um feliz impressor de “dinheiro”. Memes que atingem seu “pĂłdio” alcançam a recompensa final.

De SidrolĂąndia para o mundo.

“Abelhas escoteiro” na FĂ© MemĂ©tica

Quando abelhas precisam decidir entre potenciais novos lares para suas colmeias, algumas delas assumem um novo papel — o de “escoteiro”. “Abelhas escoteiro” voam em busca de espaços secos, quentes, do tamanho de algumas bolas de futebol. Cada uma retorna para contar sobre o cantinho que encontrou. Fazem uma dança que, se entusiasmada e bem sucedida, recruta novas abelhas para conhecer o local. A segunda leva de “abelhas escoteiro” procede para o local em questão. Então essa leva volta à colmeia, e performa sua própria dança de recrutamento. Em certo ponto, uma quantidade suficiente de abelhas já foi convencida pelo entusiasmo coletivo, e uma nova abelha rainha foi nomeada: a aventureira original da “seita” vencedora. Enquanto as convencidas se movem para a casa nova, “abelhas escoteiro” seguem indo e vindo entre a nova e a velha colmeia, garantindo que o máximo de suas irmãs não se perca pelo caminho.

A inteligĂȘncia coletiva Bolsonarista Ă© irrefreĂĄvel. Para se opor, sĂł competindo Ă  altura.

A FĂ© MemĂ©tica tem incontĂĄveis “abelhas escoteiro” que originam memes, amplificam-nos e guiam o caminho para o “novo rumo”. Estas sĂŁo as figuras que estĂŁo sempre ligadas no WhatsApp — e o cerne de suas mensagens Ă© sempre pertinente Ă  tarefa em mĂŁos.

Os “escoteiros” da FĂ© MemĂ©tica sĂŁo amplificadores de mĂŁo dupla. Caçam ideias do resto do “bando”, e tambĂ©m ecoam as que vem de cima — especialmente quando o que vem de cima parece reforçar algo que se originou de baixo, ou quando materializa algo que o coletivo “previu”/antecipou.

HĂĄ tambĂ©m os “escoteiros institucionais”: no Brasil, a plataforma midiĂĄtica MBL foi recompensada nĂŁo somente com atenção, mas tambĂ©m com voz na cĂąmara dos deputados e um vereador eleito. Nos EUA, o InfoWars de Alex Jones ganhou o reconhecimento de um press release da Casa Branca; e o site de notĂ­cias Breitbart, passe livre no salĂŁo oval.

A Igreja Azul nĂŁo tem equivalentes — ao menos com tração parecida. Seus lĂ­deres nĂŁo tem a mesma responsividade. Entre seus valores arraigados estĂĄ a noção de que cada um Ă© dono da sua prĂłpria propriedade intelectual. Na FĂ© MemĂ©tica, o prazer em se amplificar o meme de outrem ou ter uma ideia roubada Ă© tĂŁo grande quanto o de se produzir e divulgar uma prĂłpria.

O “fenĂŽmeno das abelhas escoteiro” ganhou tanto vigor que nem mesmo oponentes declarados da FĂ© MemĂ©tica conseguem se manter alheios. Pior, nĂŁo conseguem deixar de ser vetores dele.

O meme do Pepe Frog, símbolo da ”direita”, ganhando o reconhecimento do líder supremo.

Na dinñmica da abelhas, basta um pouco de amplificação e alguns “escoteiros” comprometidos para que um meme ganhe tração. A oposição não importa. Geralmente, ela só amplifica o meme ainda mais.

Em comparação, a Igreja Azul segue buscando a unanimidade em vez do consenso. Acomodando interesses de certas seitas enquanto assiste Ă s suas subnarrativas se desmantelarem em fricção interna (Alcirina? Amoedo? Uma coalizĂŁo milagrosa de Ășltima hora no fim de semana das eleiçÔes?).

A Igreja Azul não consegue se “defender”

Depois de tanto tentar antecipar qual frente ou “mentira” da FĂ© MemĂ©tica a combater em seguida, a mĂĄquina aparelhada da Igreja Azul se exauriu. E hoje, sĂł serve para amplificar o jogo memĂ©tico de quem tanto desdenha.

Depois de cunhar a expressĂŁo fake news, a grande mĂ­dia norteamericana agora faz campanha para que paremos de usar o termo.

Jair Messias nĂŁo conquistou por conta prĂłpria o espaço que desde o começo lhe foi negado na TV — chegou aos confins do paĂ­s pelas mĂŁos de um atentado que Ă© resposta da Igreja Azul Ă s “abelhas escoteiro”.

A hashtag #elenao, até agora, parece só vir aumentando a aceitação de Bolsonaro entre eleitoras mulheres.

por rawpixel, no Unsplash

A coerĂȘncia estĂĄ no processo, e nĂŁo na ideologia/sentimento que une o bando — por isso Ă© tĂŁo difĂ­cil criticar/atacar com eficĂĄcia.

“Bolsonaro Ă© homofĂłbico!” — “mas o Ciro jĂĄ falou coisas muito piores envolvendo homossexualismo”. “Bolsonaro nunca fez nada de Ăștil na CĂąmara!” — “melhor do que se tivesse roubado como fez o PT”.

A Fé Memética conhece a nova paisagem midiåtica e joga com ela a seu favor. A sua descentralização evita pontos singulares de ataque.

Uma guerra em 4 frentes

Esta guerra Ă© sobre mais que ideologia, dinheiro ou poder. A maioria dos participantes nem entende por completo o que estĂĄ em jogo. Num nĂ­vel mais profundo, atravessamos um conflito existencial entre duas formas diferentes e incompatĂ­veis de se formar inteligĂȘncia coletiva e manter coerĂȘncia social.

De agora em diante, vai ser cada vez mais confuso. Para buscar clareza, vamos destilar 4 frentes em que a guerra vem se desenrolando:

1. Infraestrutura de comunicaçÔes

“Lego repairs”, por Jan Vormann

Corromper a infraestrutura de comunicação e controle do inimigo é lição båsica de guerra.

Trump o faz martelando a acusação de que a grande mídia é esquerdista-manipuladora. Bolsonaro segue a cartilha à risca.

Em vez de tentar tomar o controle da estrutura de comunicação tradicional, ambos miram destruí-la, ignoram-na, e a substituem por arquiteturas diferentes (Bolsonaro responde seus grupos de WhatsApp toda noite durante o horårio eleitoral).

A eficiĂȘncia memĂ©tica da Folha, da Record, da CNN, do Washington Post — vocĂȘ escolhe — estĂĄ despencando ladeira abaixo. NĂŁo me surpreenderia ver boa parte dessas entidades falindo nas prĂłximas dĂ©cadas.

2. O “Estado profundo”

Na política tradicional, espera-se que um candidato eleito integre-se ao aparato do Estado existente, fazendo pequenos ajustes e influenciando na carreira de burocratas que compÔem boa parte da måquina governamental.

Aécio não teria alterado o rumo do aparato estadista em comparação com o que fez Dilma, apesar de provåveis mudanças pontuais. A Igreja Azul no måximo aspira a cortar laços estabelecidos décadas, ou séculos atrås. Por outro lado, a Fé Memética identifica o Estado em si como antagonista, e se engaja diretamente num conflito existencial contra ele.

“O Estado Profundo” nos EUA.

O Estado estĂĄ no negĂłcio de monopolizar o poder faz tempo. Mas (1) ele estĂĄ fragmentado; e (2), como jĂĄ falamos, suas tĂĄticas sĂŁo lentas e antiquadas.

Como exemplo, tome o meme das fake news. Carrega os traços clĂĄssicos de uma iniciativa da Igreja Azul. Cuidadosamente planejado, o povo sendo educado a respeito atravĂ©s da mĂ­dia, alto grau de coordenação, timing preciso antes das Ășltimas eleiçÔes presidenciais americanas, sinais vindo de todas as diretivas autoritĂĄrias.

Uma leitura possĂ­vel Ă© a de que o meme das fake news foi uma resposta do “Estado Profundo” Ă  batalha na frente (1) — a batalha pela infraestrutura de comunicaçÔes.

Ao que parece, a iniciativa não só falhou, como serviu de munição para que a Fé Memética subvertesse o conceito em uma ferramenta sua. Como? Movendo-se råpido, de modo não-convencional, descentralizado e dotado de comprometimento absoluto com a vitória.

3. Globalismo

A retĂłrica anti-globalista Ă© comum a lĂ­deres na FĂ© MemĂ©tica. Note a relativa facilidade com que Trump se opĂ”e Ă  “falsa serenata globalista” — como abandonou sem dificuldade o acordo TransPacĂ­fico, por exemplo.

O Banco Mundial, a ONU, tratados internacionais e, mais importante, instituiçÔes globalistas como a Federal Reserve, são os próximos alvos na fila. As armas do contra-ataque globalista são a ameaça às elites e doses cavalares de propaganda.

A esse ponto, vejo sĂł duas jogadas estratĂ©gicas para o globalismo. (1) Desestabilização econĂŽmica Ă  guisa de se “jogar o povo” contra a FĂ© MemĂ©tica; (2) algum tipo de desestabilização social/militar coordenada.

Acontece que a insurgĂȘncia da FĂ© MemĂ©tica Ă© imune Ă  propaganda globalista. E muito eficiente em associar problemas econĂŽmicos ao discurso globalista (“os imigrantes estĂŁo tomando nossos empregos!”).

Pare pra pensar: dentre as maiores potĂȘncias globais, hoje, somente a UniĂŁo Europeia Ă© controlada por globalistas.

As consequĂȘncias da batalha nesse front sĂŁo o enfraquecimento da ordem institucional-global do pĂłs-guerras, e um rebalanceamento do poder em alinhamentos nacionalistas ainda nĂŁo muito claros/compreendidos.

Por exemplo, podemos esperar que problemas “de escala mundial” como o aquecimento global ou o combate ao terrorismo saiam um pouco de foco — mas ainda nĂŁo Ă© claro.

É plausĂ­vel que alianças “de nação com nação” sejam capazes de progredir significativamente em tais questĂ”es. Particularmente se assumirmos que agendas globalistas vinham extraindo valor de crises em escala global, mais do que ajudando a resolvĂȘ-las.

Além do mais, não hå razão para desacreditar que um nacionalismo multi-polar deva ser menos eståvel, no longo-prazo, que a hegemonia. A história jå pendulou para ambos os lados. Mais claro, talvez, seja o período de alerta que se estabelece na transição entre forças globalistas lutando para manter o poder vs. forças nacionalistas que ainda não encontraram um equilíbrio eståvel entre si.

4. A guerra cultural

OK: se vocĂȘ chegou atĂ© aqui, parabĂ©ns. Vamos dedicar uma seção exclusiva a essa frente.

A verdade objetiva morreu onde começou a guerra dos memes. VocĂȘ pode achar que isso soa como brincadeira. Mas nĂŁo Ă© bem o caso.

A guerra dos memes (2015-presente)

Graças à internet, adentramos condição completamente pós-moderna. Como algum gostam de chamar, “a crise da realidade”.

CĂłdigo aberto para se manipular vĂ­deos (verossĂ­meis) de qualquer outra pessoa falando o que vocĂȘ quiser.

Onde a mĂ­dia tradicional antes provia consenso em torno do real
 a descentralização da tecnologia informacional agora permite que qualquer indivĂ­duo documente eventos, crie narrativas e desafie percepçÔes em tempo real, sem um pingo de consideração por qualquer Ă©tica jornalĂ­stica.

A esquerda ganhou a 1Âș Guerra Cultural, entre os anos 1960–1990. O que estĂĄ acontecendo agora nĂŁo Ă© a insurgĂȘncia da “velha direita”, mas a emergĂȘncia de uma nova forma de inteligĂȘncia coletiva.

CĂłdigo aberto para se manipular vĂ­deos de qualquer pessoa fazendo os movimentos corporais que se quiser aplicar.

A Igreja Azul estĂĄ em desespero porque percebeu que o inimigo nĂŁo Ă© mais o Conservadorismo CristĂŁo batido que derrotaram dĂ©cadas atrĂĄs, mas sim uma “fĂ©â€ nova, baseada em identidade cultural e na rejeição Ă  prĂłpria noção de coordenação top-down.

Se mapearmos o arco evolutivo da guerra cultural dos anos 50 aos anos 90, veremos o surgimento de um conjunto de estratĂ©gias, tĂ©cnicas e alianças por parte da Igreja Azul que foram sendo aperfeiçoadas com o tempo. Por exemplo, o poder crĂ­tico dos epĂ­tetos “racista” ou “sexista”, que tinham pouca ou nenhuma tração nos anos 30–40, e ao final dos anos 90 tornaram-se pivotais.

Meme criado por Alex Van de Sande

Como bactérias tornando-se cada vez mais imunes a um antibiótico, via exposição constante, os traços da Fé Memética que foram suprimidos (e sobreviveram) durante décadas de esmagamento por parte da Igreja Azul começaram a se cristalizar e expandir. O que agora irrompe no zeitgeist é inédito, e quase completamente imune às técnicas retóricas e políticas da Igreja Azul.

Chamar um adepto da FĂ© MemĂ©tica de “racista” nĂŁo vai incitar mais do que um “meh
” e um olhar desdenhoso de demissĂŁo. As armas antigas nĂŁo servem ao combate pĂłs-moderno.

AlĂ©m do mais, a FĂ© MemĂ©tica nĂŁo tem a aspiração de engajar-se no discurso com a Igreja Azul. Habitou-se a rejeitĂĄ-lo por completo. É bactĂ©ria vs. antibiĂłtico.

A Fé Memética considera que a Igreja Azul (e seus membros) age de må fé por definição, e enxerga as doutrinas desta quase como doença mental. A Fé Memética não tem a intenção de dialogar, interagir ou dividir o poder com a Igreja Azul.

Muitos dos sĂ­mbolos da FĂ© MemĂ©tica sĂŁo designados a partir de elementos banais, no intuito de literalmente fazer membros da Igreja Azul se passarem por loucos quando estes, histericamente, apontam-nos e os rotulam como “apologia” a qualquer valor que condenam.

O sĂ­mbolo de OK: serĂĄ um Ă­cone dos supremacistas brancos
 ou isso Ă© mera histeria “da esquerda”? Ambos.

Se quiser sobreviver, a Igreja Azul deve se preparar para a guerra. E, nessa guerra, a Fé Memética larga com ampla vantagem.

A Igreja Azul aprendeu a dominar pelo cinema e pela novela. A Fé Memética, pela trolagem e pelos memes.

Pós-política — ou “como nos organizamos agora”?

Kleroterion: na democracia ateniense, polĂ­ticos nĂŁo eram eleitos, mas sorteados.

A política pode ser interpretada como a organização da disputa pelo poder entre homens. O que acontece quando não se tem mais como monopolizar o poder?

A disputa por ele se torna caótica. Em vez “a cada turno” (ou termos de 4 anos), a batalha agora acontece todo dia. É preciso aprender a jogar. Para quem quiser começar, 4 conselhos:

  • 1) VocĂȘ provavelmente estĂĄ boicotando a prĂłpria evolução cognitiva atravĂ©s do apego Ă  narrativa da Igreja Azul, o amor cego ao Estado, os ouvidos que dĂĄ Ă  velha mĂ­dia e a fĂ© que deposita em muitos outros aspectos do establishment. Liberte-se. Vai ser muito mais difĂ­cil do que parece. Se vocĂȘ tem menos de 40 anos, sua vida toda se desenrolou Ă  sombra da onipotĂȘncia da Igreja Azul. Examine suas premissas mais bĂĄsicas e aprenda a questionar mesmo seu valores mais arraigados com honestidade brutal.
  • 2) Busque maneiras de exercitar seu “gerador de sentido” interno, e colabore com “sistemas geradores de sentido” coletivos.
  • 3) #1 e #2 requerem outras pessoas. Uma vez que suas maneiras tradicionais de se colaborar com outras pessoas estĂŁo obsoletas ou sob suspeita, vocĂȘ vai ter de reaprender a construir relacionamentos Ă  moda antiga. Torne-se muito melhor em fazer amigos. NĂŁo amigos de rede social, ou meros conhecidos. Amigos que dariam um braço por vocĂȘ, mesmo que discordem com 100% de suas crenças — aquele tipo de relação que deriva da “substĂąncia humana” e foge Ă  explicação racional.
  • 4) Se tem convicção na Igreja Azul, estude maneiras radicais de reformĂĄ-la.

É tempo de transição. Estruturas de controle social bem sucedidas durante muito tempo tornaram-se insustentĂĄveis. A mudança vai ser turbulenta e chegar Ă  extrema violĂȘncia, em alguns casos. Trata-se de um padrĂŁo clĂĄssico para que a instabilidade e “cisnes negros” surjam.

Sinta-se livre para selecionar recortes específicos da realidade e acreditar na visão da Poliana (“mas os dados mostram que a pobreza vem diminuindo historicamente!”). Enxergar o mundo em cor-de-rosa não altera os fatos.

CiĂȘncias quĂ­micas e fĂ­sicas comprovam que praticamente metade das calotas polares na Terra foram irreparavelmente perdidas nos Ășltimos 100 anos; que mais de 90% dos “estoques de peixe” foram removidos do oceano; que a emissĂŁo de gases estufa continua crescendo ano a ano (desacelerando somente quando se tem um crash financeiro de proporçÔes globais); que as tundras Árticas e oceanos em altas latitudes jĂĄ deixam escapar metano na atmosfera.

É difĂ­cil ignorar o prospecto de que estamos no meio da sexta extinção em massa na histĂłria de 4.5 bilhĂ”es de anos da Terra.

CiĂȘncias econĂŽmicas e sociais sugerem que a desigualdade Ă© crĂŽnica e extrema; que a confiança em instituiçÔes pĂșblicas estĂĄ em mĂ­nimas histĂłricas; que hĂĄ mais gente viva do que em qualquer outra era; que o crescimento econĂŽmico (na berlinda) Ă© fator-chave para conter o apocalipse malthusiano; que as tendĂȘncias mais relevantes a moldarem a evolução da sociedade encaixam-se em curvas exponenciais de crescimento ou queda — o tipo com o qual nĂŁo estamos preparados para lidar.

Ser realista te soa como o fim do mundo?

Índice (nada cientĂ­fico) de “tribos memĂ©ticas”. Clique aqui para ver a tabela completa.

Pois se Ă© pra ser otimista — ou ter alguma esperança — eu prefiro analisar e encarar a realidade com o pĂ© no chĂŁo. Evitar o “negativo” tem um nome na psicologia — chama-se negação.

Muitos de nós estão em negação. Esperando por um salvador.

Olhe para seu próprio umbigo. Se hå esperança na humanidade, ela reside na sua capacidade de seguir seus talentos, pensar por conta própria, e iluminar o mundo com sua vocação, mesmo nos tempos mais sombrios.

Adiante, Brasil. Adiante, humanidade.

ReferĂȘncias

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